quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

algum dia

Um dia haveremos de esquecer,
Nossas lembranças se apagarão como o desligar de uma lâmpada.
A sala de visita ficará vazia
Ninguém vai ligar qualquer dias desses.
E alguém estará esperando uma voz,
Mas a voz já emudeceu faz tempo.
outro dia esqueceremos muita coisas,
Não andaremos mais de bicicletas.
Não escreveremos mais bilhetinhos para amigos.
E talvez estes (certamente) em breve serão figuras longiquas demais.
E nos perguntaremos quem são as criaturas que estão nas fotos do álbum de memórias.
O número deles não mais existirão.
Um dia esqueceremos o gosto do primeiro beijo,
o rosto do primeiro amor d criança,
ele não existe mais,fez-se um buraco invisível.
Ninguém lembra o nome.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Uma onda, ondas

O que são realmente as ondas?
Se não uma sucessão de águas que se dobram e depositam na praia um beijo,
quase roubado da amante que dá e tira.
Se contorcem, se revolvem, erguem-se como aquelas cortesãs que dardejavam pelo palácio de Versalhes.
Arqueia como se assim fosse beber algo proibido,
mas logo retiram deixando um vazio,
não se alargam, mas deixam uma marca como dois corpos que marcam os lençõis,
deixam um cheiro almiscarado no ar.
Mas o que é uma onda?
Tem um cheiro de sal,
e só dá no mar.
Não há outro lugar,
ergue-se, dobra-se, beija,
para depois voltar ao seu lugar.
O que é uma onda, beira-mar?